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Liderança: quem é que manda aqui?

Chame-me cínica, Raquel. Ou antiquada. Mas a experiência diz-me que, no que toca a liderança, a democracia tende a ser muito sobrevalorizada. Eu explico-me.

Pode estar na moda ser um Líder bonzinho, tal como ser um progenitor porreiro ou um educador permissivo.

Mas quem é que a sua liderança está a servir?

É a si, que quer ganhar simpatias e gratificação pessoal com um ambiente de trabalho bem-disposto? É aos seus Colaboradores, na tentativa de fazê-los sentirem-se em casa para que esqueçam que o trabalho, por definição, dá trabalho? É aos feeds das redes sociais? Ou é à sua Organização?

 

Aqui tem uma lista: Liderança Coerciva, Autoritária, Pacesetting, Afiliativa, Democrática, Coaching…

Em qual destes estilos de Liderança se revê?

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Olhando para as nossas Organizações, para os nossos Líderes e para os nossos Recursos Humanos, que problemas tenho visto?

  • Tentativas de encarar o trabalho como cura para défices de “felicidade”. Como diz um Cliente meu, quem quer ser feliz não vai trabalhar! Piada à parte, pretender ludicizar tudo é um ingrediente para a frustração. Trabalhar vai continuar a ser difícil – e liderar, e ser liderado, também!
  • Chefias que procuram resolver as suas inseguranças com excesso de condescendência ou com excesso de agressividade, ou que alternam entre estas posturas de forma imprevisível. Há melhores remédios – continue a ler.
  • Colaboradores que se queixam de não serem ouvidos nem considerados, mas também não apresentam propostas construtivas nem exprimem proactivamente a sua opinião. Os Líderes têm muitas obrigações – mas saber de cor tudo o que os Colaboradores fazem, a cada momento, não é uma delas. Colaboradores deste mundo: aprendam a reportar e a fazê-lo bem. Todos ganham.
  • Confusão entre diálogo, participação e inclusão dos Colaboradores nas decisões, com uma dispersão tremenda, em que tudo é dito, mas nada é feito. Sim, como diziam os Gato Fedorento, “falam, falam, mas não os vejo a fazer nada”! A conversa é fundamental, mas pode ser breve e objectiva – e precisa de gerar acções implementadas.

 

Desde que sou empresária, há quase 25 anos, tentei diversos estilos de Liderança. Li daqui, ouvi dacolá, troquei impressões, observei as minhas organizações e as dos outros, e experimentei. Estas foram as minhas conclusões:

Se acreditamos que as Organizações existem para ir mais longe e servir mais pessoas do que os indivíduos em relações de um-para-um, então aceitemos que liderar bem traz maior satisfação a longo prazo a muitos intervenientes, do que gerir as vontades de cada um no curto prazo! Por isso:

  • Liderar implica a crença numa ideia de bem comum, que transcende a satisfação individual.
  • Liderar uma Organização implica avaliar resultados, tanto dentro como fora dessa Organização.
  • Liderar pede capacidade de síntese e de previsão.
  • Liderar pode ser muito impopular.
  • Liderar é solitário.
 

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Por tudo isto, mesmo que não seja politicamente correcto, tenho notado que o estilo de Liderança Autoritária é o que me parece dar melhores resultados, na maioria das situações, no nosso contexto cultural. Porquê?

  • Porque é o menos equívoco, dentro das opções civilizadas.
  • Porque a incerteza e a mudança são permanentes nas Organizações de hoje, sejam provindas de factores internos como os Recursos Humanos, sejam advenientes de factores externos como o Macroambiente, a Concorrência, ou a Procura.
  • Porque os estilos mais afectivos, igualitários e subtis podem desfocar o propósito da Organização enquanto unidade supra-pessoal. E, sejamos francos, é muito fácil que sejam confundidos com fraqueza e indecisão, tornando-se propensos à falta de respeito.

 

Mas há maneiras e maneiras.

  • Ouvir e informar não tiram autoridade. E muito menos as boas maneiras. Faz bem em pedir opiniões. E ainda faz melhor em explicar o que vai ser feito, como vai ser feito e porquê. Ou seja: tome decisões, mas comunique – sempre.
  • Há um tempo para escutar, um tempo para reunir informação e um tempo para decidir. Os momentos de escuta e recolha de informação são propícios à utilização de uma abordagem Democrática.
  • As ocasiões para celebrar e descontrair geram boas oportunidades para uma cultura mais Afiliativa.
  • Para mim, e provavelmente para si também, o estilo de liderança Pacesetting é o Santo Graal. Tem esses Colaboradores altamente motivados e competentes? Dê-lhes corda, aprenda com eles e respire a bonança, enquanto retempera energias para lidar com os outros.

 

Se não tem coragem nem vontade de mandar; se não se sente suficientemente conhecedor(a); se quer o melhor, mas só para si e para os “seus”; se o que sonha é fazer amigos – então é melhor deixar de liderar, o mais depressa que puder. Há muitas outras coisas para fazer.

 

 

Se quer liderar melhor e precisa de afinar a sua Comunicação de Líder:

 


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