Dizia assim uma amiga, numa tarde deste Agosto bafejada por um calor de ananases:
– Agora as pessoas fazem gala em dizer “eu cá sou assim, sou muito directo, digo o que tenho a dizer”. Mas, cada vez mais, parece-me que as pessoas não percebem a diferença entre ser franco e ser só mal-educado!…
Bem visto.
É bom não ter medo de falar.
Afinal, quem é que pode afiançar que uma dieta assente num grande número de sapos engolidos seja saudável?…
O que não é bom é ficar a falar sozinho(a).
E, mais tarde ou mais cedo, é isso mesmo que vai acontecer se a vontade de sermos “muito directos” não tiver ido às aulas de Marketing.
Botar tudo cá pra fora ou comunicar?
Há um punhado de boas razões pelas quais pode apetecer falar sem medida e dizer tudo sem filtros. Mas, à parte o hipertiroidismo e o regresso de um eremitério no deserto ao fim de uma vintena de anos, todas acabarão por parecer saídas do mesmo saco – o saco da falta de noção.
Sabe uma coisa?
A crença no “saiu-me, mas não fiz por mal” é muito sobrevalorizada. Por si.
A única coisa que falar sem olhar a consequências diz de orador… é que está a pedi-las.
Quer ter razão, ou quer que resulte?
Então o seu interlocutor é um exemplar descongelado do Neandertal. Um facínora! Cerdo e torpe, diria o Eça. Nem merece consideração, quanto mais tento na língua!…
Azaradamente, é ele quem lhe passa o cheque mensal.
Ou quem gasta a semanada que lhe sai a si do bolso, depois de se esfolar a trabalhar!
Ou a pensão de alimentos…
Ou quem lhe fica com os cães quando vai de férias…
Percebeu, não é verdade?
Há alguma forma de conseguir que estas pessoas lhe dêm uma existência com menos agruras do que o seu clube de futebol quando está na mó de baixo?
Há, sim.
É ter jeitinho a falar com elas.
Se “ser directo(a) e dizer o que tem a dizer” não resulta, mesmo que esteja cheinho(a) de razão – é altura de ter razão de uma maneira que resulte!
E isso resulta?!…
“Se resulta!”, dizia o velho anúncio.
Isto que vai ler abaixo resulta. Pelo menos, ainda cá estamos!…
- Partilhar demais, mesmo que seja sob uma justa indignação, mostra fraqueza. Fique pelo indispensável no que tem a dizer, se o que quer é uma solução.
- Se disser mil coisas, o seu interlocutor só reterá duas ou três. Diga apenas duas ou três coisas, mesmo que de várias maneiras, em diversos momentos e sob diferentes ângulos – e não mais do que duas ou três. Controlará melhor a mensagem e a argumentação.
- Aborde apenas os pontos sobre os quais o seu interlocutor pode efectivamente fazer alguma coisa. Concentre-se em mudar o curso dos acontecimentos vindouros e não gaste munições com o passado ou o impossível.
- O azedume e a rispidez revelam a sua tremenda infelicidade a pessoas atentas. Ser temido não é necessariamente ser respeitado. E dá vidas mais curtas…
- Se humilhar os outros, eles nunca esquecerão. E nunca sabe em que circunstâncias poderá reencontrá-los. Não hostilize enquanto não tiver vontade de perder.
- Dizer algo positivo ou elogioso ao outro torna-o mais receptivo a aceitar pedidos e/ou receber críticas a seguir. Se faz ponto de honra na sinceridade, pois não se esqueça de usar a sinceridade de uma forma útil e proveitosa!
- Procure ganhar mais pela cooperação do que pelo conflito. Há uns bons milhares de anos que a Humanidade anda a tentar aprender a lição!…
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