Recorda-se da última vez em que tomou uma decisão sem pensar duas vezes nas consequências? Não?! Nesse caso, deve começar a confiar nas suas “entranhas” (sim, estamos a brincar com a tradução literal da expressão em inglês).
Há quem lhe chame instinto, palpite e voz interior. Independentemente dos diferentes nomes que possa dar-lhe, estamos a referir-nos à sua capacidade de tomar decisões com base na sua intuição, sem muitos cálculos e reflexões. Ao contrário do que possa pensar:
O seu impulso pode facilitar a sua vida!

Como?
Vamos dar-lhe um exemplo: foi a uma gelataria comprar um gelado. Habitualmente, pede chocolate. Mas deparou-se com 20 sabores de gelado diferentes – nenhum de chocolate! Perante tanta variedade, decidiu provar um novo sabor.
Enquanto estava na fila, começou a ponderar sobre qual deveria escolher: “avelã ou pistáchio?”. A sua vez de fazer o pedido aproximava-se e a indecisão aumentava. “Será que o de pistáchio tem um sabor muito intenso? O de avelã será bio? E os açúcares? Os frutos secos têm muita gordura…sendo assim, se calhar opto pelo de limão… dizem que é bom para emagrecer. Mas eu nem gosto de limão…”.
Nisto, os seus pensamentos foram interrompidos pelo empregado de balcão, já com um ar impaciente: “não tenho o dia todo, escolha lá o sabor do gelado!”. Com os nervos à flor da pele, mas ainda hesitante em relação ao sabor do gelado, olhou uma vez mais para a vitrina e finalmente decide: “vou querer três bolas de gelado, uma de limão, uma de avelã e outra de pistáchio”.
No dia seguinte, teve mais um desafio: negociar a compra de 70 novos aviões para a companhia aérea na qual trabalhava…
O que podemos concluir deste história imaginária é que, em situações desconhecidas:
A reflexão excessiva pode causar stress e frustração.

E, convenhamos, raramente podemos escolher vários cenários em simultâneo…sobretudo quando somos encarregados de comprar novos aviões.
Talvez não saiba que a nossa intuição (vulgarmente designada por “instinto”) tem por base o nosso conhecimento e as nossas experiências passadas. O cérebro humano usa a informação sensorial proveniente de experiências anteriores para enquadrar as experiências atuais.
Este processamento cognitivo permite-nos, ainda que subconscientemente, recordar experiências, convocar conhecimentos, antecipar o que vai acontecer e tomar uma atitude. Deste modo, o cérebro torna-se capaz de responder com maior eficácia e de forma adequada às situações que ocorrem no nosso dia-a-dia!
Não se aflija. Não somos aquele seu amigo a quem, sempre que recorre para pedir um conselho, lhe diz “confia nos teus instintos e tudo dará certo!”. Ao contrário desse seu amigo, nós propomos que se muna da informação necessária quando tiver que tomar uma nova e importante decisão. Porém, não fique refém desse recurso racional.
A informação raramente será completa, actual e perfeita. E, quando isso acontecer, o melhor será desempatar a escolha seguindo a sua intuição. Por isso, vamos dar-lhe dicas úteis para que possa dominar a prática de confiar nos seus instintos!
Felizmente, a nossa intuição pode ser treinada!

Ora veja:
- Comece pelas decisões menos importantes
Usar a sua intuição no quotidiano para tomar pequenas decisões como que roupa deve escolher, que pasta de dentes comprar, podem ajudar a aumentar a sua autoestima. Assim, estará a perpetuar o hábito de decidir intuitivamente, sem sair (logo) da sua zona de conforto.
- Confie nos seus valores
Num momento de total indecisão, questione-se “que decisão ou ação me aproxima mais dos meus valores?”. Atue com base nos seus princípios, naquilo que acredita ser mais acertado. Este exercício pode ajudar a chegar à raiz do problema, permitindo identificar o que está a bloquear a sua decisão.
- Atire uma moeda ao ar
Experimente atirar uma moeda ao ar da próxima vez que tiver que tomar uma decisão. Mediante o resultado obtido, avalie a forma como se sente. Sente-se feliz e radiante? Ou sente-se reticente e desconfortável? Este pequeno jogo ajudará a desmistificar as suas emoções e, por conseguinte, a sua intuição.
- Distinga a sua intuição do medo
As sensações provocadas pelo medo são facilmente mal-interpretadas e confundidas com a intuição. O medo deixa-nos tensos e ansiosos. É como se fosse uma energia que nos empurra e força a escolher, para evitar possíveis consequências. Já a intuição trabalha a nosso favor, sugerindo-nos a melhor opção, mesmo que isso signifique correr riscos. Ao contrário do medo, a intuição manifesta-se através da excitação e do contentamento.
Confiar nos nossos instintos exige tempo e prática. Terá de ser capaz de entender, com as suas tentativas-e-erros, o que clarifica e o que prejudica o seu discernimento. À medida que for ganhando mais confiança, o uso da intuição passará a ser cada vez mais espontâneo.
Estamos confiantes que as suas “entranhas” irão passar a ser as suas maiores aliadas!
A pior decisão será sempre não decidir.
Opinião QA: Sónia Alves, Senior Account Manager

“Como em tudo na vida, o instinto deve ser usado com alguma ponderação. As perguntas que devemos fazer-nos são: qual será o impacto nas nossas decisões? Até que ponto podemos usar o nosso instinto? Se tentarmos antever as consequências de cada um dos cenários que estamos a considerar e percebermos que os resultados são animadores, devemos considerar o nosso instinto como uma mais-valia, que nos vai ajudar.”