Hiper Super, 19 de Abril de 2010 às 16:08:37 por Victor Jorg
De acordo com o estudo realizado pela TNS em associação com professores da Harvard Business School e do Colégio Dartmouth, sobre “Literacia Financeira e Comportamentos Financeiros de Risco”, metade dos consumidores em muitos dos países desenvolvidos lutam para fazer face a despesas inesperadas. A análise realizada mostra que muitos dos consumidores, particularmente em Portugal, Reino Unido, Estados Unidos da América, Alemanha e México, não possuem actualmente recursos para fazer face a despesas inesperadas, como sejam uma súbita reparação do carro ou da casa ou ainda outros gastos menores relacionados com a saúde. Em Portugal, quase metade dos inquiridos (44%) referiu que não teria possibilidade de pagar uma despesa inesperada de 1.500 euros, nos próximos 30 dias. Já os luxemburgueses são os que se mostram mais confiantes, com 9 em cada 10 entrevistados a assumirem ter condições para avançar com dinheiro nesta situação. Em Itália, Holanda e Canadá cerca de 7 em cada 10 entrevistados mostram-se igualmente confiantes perante a possibilidade de enfrentarem uma despesa inesperada. Este cenário é similar para americanos, ingleses ou alemães que referiram que não teriam capacidade para avançar com este valor, independentemente de este ser proveniente de poupanças, empréstimos, amigos ou familiares. O México apresentou o pior cenário com 58% dos inquiridos a referirem serem incapazes de encontrar fundos para fazer face a este tipo de despesa. Para Peter Tufano, da Harvard Business School, “estes números não são apenas reflexo do desemprego ou do número crescente de agregados familiares com menores rendimentos. Em muitos países existe uma fragilidade financeira generalizada, com um número significativo de consumidores da classe média extremamente vulneráveis a emergências financeiras súbitas”. As poupanças são o primeiro recurso para ir buscar fundos de emergência na maioria dos países inquiridos, sendo o recurso mais provável na Holanda (89%) e no Luxemburgo (86%) mas também para cerca de metade dos respondentes na Alemanha, Estados Unidos da América, Reino Unido, Canadá e Portugal. Não surpreende pois o facto de serem o Luxemburgo, a Holanda e o Canadá, os países com maior incidência de consumidores com conta poupança. As redes sociais informais são também um recurso predominante na procura de ajuda para fazer face a despesas inesperadas, em alguns países, avançando o estudo da TNS que “em Portugal, a família é a segunda fonte mais indicada, com 25% dos indivíduos a admitirem o recurso à mesma em situações de emergência financeira”. No entanto, os números do estudo indicam que “apenas 8% dos portugueses consideram recorrer aos amigos para fazer face a este tipo de despesa”. O recurso à família está também presente na Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos da América, com cerca de 30% dos respondentes a mencionarem esta fonte. Embora a omnipresença dos cartões de crédito seja visível no estudo, os inquiridos não esperam recorrer ao crédito para fazer face a uma despesa inesperada. “Cartões de crédito e um segundo emprego não são opções populares para resolver ou lidar com emergências financeiras deste tipo”, conclui o estudo. Em Portugal apenas 8% dos inquiridos referiram recorrer ao cartão de crédito como forma de resolver a situação. Já o Canadá (28%), o Luxemburgo (27%), os EUA e o Reino Unido são os países que apresentam maior número de inquiridos (cerca de 20%) com propensão para utilizar cartões de crédito. Para os portugueses também o segundo emprego como fonte de rendimento extra não é uma opção muito válida, num contexto de emergência económica (15% dos inquiridos). Em Portugal vender pertences é apenas indicado por 4% dos inquiridos e vender a casa não faz parte das opções a considerar na resolução de uma emergência financeira. Este estudo foi realizado em 14 países, tendo uma amostra total de 14.693 indivíduos. Em Portugal o estudo foi realizado pela TNS, que entrevistou 1.011 indivíduos com 18 anos ou mais, representativos da população portuguesa, com os dados a ser recolhidos em Julho de 2009, através de entrevistas telefónicas.