Os portugueses estão a encurtar a duração das deslocações turísticas e a viajar menos para o estrangeiro. Ao contrário do que acontecia em anos anteriores, no terceiro trimestre de 2012 houve mais deslocações de curta duração — até três noites —
do que as deslocações de longa duração – de quatro ou mais noites.
Esta é, tradicionalmente, uma tendência comum ao longo do ano, em que o peso das viagens mais curtas é superior, mas não é habitual nos meses de Verão, não se tendo verificado nem em 2011 nem em anos anteriores. A alteração nas características das deslocações no terceiro trimestre do ano passado retira-se de dados revelados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). As viagens até três noites representaram mais de metade (51,6%) do total — em Julho, atingiram 54% e em Setembro 70%. Ainda assim, em Agosto, o mês mais forte para o sector turístico, houve mais viagens de longa duração, mas também neste mês as viagens de curta duração ganharam terreno. No trimestre de Julho a Agosto do ano passado, os residentes em Portugal realizaram quase seis milhões de visitas turísticas, mais 10,3% do que no mesmo período de 2011. Mas a duração média das viagens baixou 12,9%. Como aumentou o número de deslocações e diminuiu o número de dormidas nas viagens, a média de pernoitas baixou de 6,9 para seis. Ao todo, o INE dá conta de 35,7 milhões de dormidas nas viagens no terceiro trimestre, menos 3,8% do que em igual período de 2011. Houve menos dormidas tanto em Julho como em Agosto e Setembro, mês em que a quebra chegou a 12%. Já se forem considerados os nove primeiros meses de 2012, em que se somaram 57,6 milhões de dormidas, a variação é positiva (um aumento de 1,6%). A larga maioria das dormidas aconteceu, como é habitual naqueles três meses, por motivos de lazer, recreio ou férias. E mais de dois terços procuraram dormida onde não tiveram de pagar para pernoitar, ficando em casa de familiares ou amigos, por exemplo (67,9% das dormidas aconteceram no chamado alojamento particular gratuito, contra 15,6% em hotéis e pensões, 10,5% em alojamento particular pago e 6% noutros alojamentos colectivos). Com a crise económica, num contexto de menor rendimento disponível e fracas perspectivas económicas, passou a haver mais pessoas a optarem por pernoitar em casa de amigos ou familiares quando viajam. Essa tendência era já visível desde o início do ano, com uma queda do peso das dormidas em hotéis e pensões.
O número total de visitas turísticas aumentou, mas houve menos pessoas a viajar para o estrangeiro – 458 milhões, menos 11,9% do que no terceiro trimestre de 2011. Já em Portugal, houve 5,5 milhões de viagens turísticas por parte de residentes. Julho e Agosto foram os meses em que mais viajaram e neste último 22,6% realizaram pelo menos uma deslocação turística.
Público, Pedro Crisóstomo, 02.02.2013