Público, 24.03.2010
Transportadora não poupa esforços para minimizar prejuízos, apesar de negociações com os pilotos ainda não estarem fechadas. Até pediu aos trabalhadores para interromperem as férias. Mal o cancelamento da greve foi confirmado, a TAP apressou-se a aparecer nos noticiários televisivos. Era essencial fazer chegar a notícia aos passageiros que cancelaram os voos por receio de ficar em terra. É que a paralisação foi desconvocada, mas ainda há trabalho a fazer para minimizar prejuízos. O processo negocial com os pilotos ainda nem chegou ao fim e a empresa diz já estar exclusivamente dedicada à ocupação dos aviões, estando, aliás, a pedir a interrupção de férias dos funcionários. A ameaça de paralisação convocada pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação CIvil (SPAC), que duraria seis dias, de 26 a 31 de Março, causou danos à transportadora aérea, detida a 100 por cento pelo Estado. Além de ferir a sua reputação e de a obrigar a pagar indemnizações às companhias de aviação com as quais negociou o aluguer de aviões para os seis dias de greve, gerou uma onda de cancelamento de viagens, que atingiu 7500 passageiros. Por isso, assim que a desconvocação se tornou oficial, ao final da passada terça-feira, a TAP não perdeu tempo. António Monteiro, porta-voz da empresa, contou ao PÚBLICO que havia a expectativa de que o cancelamento surgisse antes das 20h, permitindo à empresa divulgar a decisão dos trabalhadores na televisão. E assim foi. “Era importante que conseguíssemos apanhar a hora dos telejornais, porque nos deu uma divulgação ampla”, afirmou. Esta foi apenas uma das medidas que permitiram à companhia de aviação recuperar cerca de 1500 passageiros, em apenas quatro horas, no próprio dia da desconvocação. Ontem, a empresa já só registava 6000 cancelamentos, prevendo-se que este número continue a decrescer, à custa de um plano de ataque que a TAP montou para minimizar os prejuízos. Além da corrida às televisões, a transportadora aérea colocou, de imediato, um aviso no seu site, junto ao sistema de reservas on-line, alertando os passageiros para a desconvocação. O departamento de reservas continua a trabalhar “à capacidade máxima”, afirmou o porta-voz da empresa. Pessoal de outros departamentos da transportadora aérea estão a ajudar os 83 funcionários do call-center, os turnos foram prolongados e optou-se por pedir aos trabalhadores que interrompessem as férias e que não gozassem folgas para dar resposta às solicitações de passageiros que decidam voltar a pôr nas mãos da TAP as suas viagens. A companhia de aviação também intensificou os contactos com agências de viagens, através das quais são efectuadas entre 85 e 90 por cento das reservas. “Estamos a dialogar no sentido de facilitar as transferências de passageiros, principalmente de grupos”, avançou António Monteiro. Mudança que a companhia de aviação está a facilitar, não cobrando qualquer penalização a quem decidir alterar de novo a viagem. Com todos estes esforços, a TAP parece dar como certo o acordo com os pilotos. Aliás, a empresa disse ao PÚBLICO que as negociações já estão fechadas. Posição contrária à do SPAC, que diz que o acordo a que chegou com a transportadora é preliminar, faltando ainda discutir alguns pontos e, posteriormente, expô-lo à votação dos restantes membros do sindicato, em assembleia geral. Não se espera, por isso, um desfecho deste caso ainda esta semana.