O ambiente desfavorável afugentou as esperanças de uma retoma económica. Os consumidores europeus sentem-se forçados a fazer escolhas sobre a forma como vão gastar o orçamento de Natal.
O fenómeno de um elevado consumo característico, na época do Natal, permanece intacto na Europa, segundo o Xmas Survey 2010 da Deloitte.
Contudo, verifica-se uma nova atitude dos consumidores face ao tipo de produtos a comprar, o preço, o número de presentes e o papel das marcas. As escolhas e sobretudo as prioridades de compra centram-se na utilidade dos presentes (98% dos portugueses; 92% dos europeus), na necessidade de reduzir o montante gasto em cada um (96% de portugueses; 85% dos europeus) e na procura do melhor preço (94% de portugueses; 84% dos europeus). Incidindo sobre 19 países, a recolha de informação foi feita durante as duas últimas semanas de Setembro, com uma amostra total de 20.655 inquiridos, através de um inquérito que pretendeu avaliar o estado de espírito dos consumidores e o orçamento para presentes, bem como a atitude face a compras adicionais, alimentos e bebidas. Depois da crise de 2008, quase metade dos europeus pensa que o seu país está em recessão, apesar de ser um sentimento em declínio. No entanto, Portugal é o país onde este sentimento mais cresceu (16 por cento durante o último ano) face a 59 por cento em 2009. Os jovens portugueses demonstram ser mais optimistas do que os adultos, sendo que a atitude pessimista é partilhada por toda a população com uma média de 75 por cento. Para 2011, os portugueses mantêm uma visão pessimista face às perspectivas económicas para 2011 com 58 por cento dos portugueses a temerem mesmo uma deterioração da situação economica, um cenário que apenas reunia 2 por cento das respostas do Xmas Survey de 2009. No entanto, este sentimento evidencia-se especialmente na faixa etária mais velha e no grupo das mulheres. Ao nível europeu, os consumidores revelam uma constante preocupação em manter os seus orçamentos controlados. Esta é uma necessidade transversal ao estrato social, idade, educação ou riqueza que tem um impacto directo no aparecimento de novas estratégias de compra e na mudança dos hábitos de consumo a longo prazo. Em Portugal, 90 por cento dos consumidores revelam a intenção de adquirir e oferecer produtos com um valor de utilidade elevado. Esta é uma preocupação muito simples, que surgiu com a crise de 2008, mas que se está a tornar um comportamento permanente e de longo prazo. A nova atitude reflecte-se também na decisão de em oferecer um menor número de presentes (91%), procurar de presentes mais baratos (96%) e oferecer presentes em grupo (86%). Perante este cenário, as grandes marcas estão a perder a sua posição e status anterior à crise, fruto de uma mudança de percepção por parte dos consumidores que agora procuram presentes mais baratos. Este é um novo equilíbrio entre as grandes marcas e os produtos de retalho, com 94 por cento dos consumidores portugueses a favorecerem a segunda opção, em detrimento da primeira. No processo de decisão de compra, tanto os portugueses como os europeus estão muito mais sensíveis às questões ambientais, contudo 2/3 dos portugueses e europeus considera que estas ainda são uma desculpa para aumentar os preços. Neste sentido, revela-se fundamental que a indústria de retalho reforce a informação nas embalagens para que o consumidor encontre informações sobre a origem do produto e a forma de produção.
Fonte: LPM