Umas estão a dar os primeiros passos, outras exportam já parte considerável da produção. Há quem siga métodos artesanais de produção, enquanto outros têm músculo para entrar logo nas grandes superfícies. Conheça 12 projectos inovadores de marcas portuguesas
Um abecedário de cerveja
Filipe Macieira e Francisco Pereira são investigadores em Engenharia Biológica da Universidade do Minho e cervejeiros. No último Verão aproveitaram o Artbeer Fest, um festival dedicado à promoção e degustação de cervejas artesanais em Caminha, para lançar a cerveja Letra. A marca, que se define como a Cerveja Artesanal do Minho, é da responsabilidade da empresa FermentUM.
A Letra apresenta-se com quatro variedades: Letra A Weiss, Letra B Pilsner, Letra C Stout e Letra D Red Ale. Trata-se de um abecedário que tem já previstas novas letras, isto é, mais sabores. Disponível já em alguns pontos de venda, a marca terá como próximo passo a abertura de um espaço em nome próprio, em Vila Verde (arredores de Braga), que funcionará como fábrica e local de degustação da cerveja, acompanhada por petiscos da região. O design é da responsabilidade da Sardinha Comunicação.
O snack de fruta
Trata-se de um snack feito com 100 por cento de fruta, sem corantes, conservantes ou glúten. O processo de produção da Frubis recorre a uma tecnologia de secagem mista, que minimiza o impacto nas caraterísticas da fruta. Começou por estar à venda no Jumbo, Pão de Açúcar, Pingo Doce e Makro. Depois chegou ao Continente. “Estamos também a trabalhar a entrada noutros países, tendo como alvo prioritário Espanha e alguns países da América Central”, disse ao M&P João Sampaio, administrador da comissão executiva da Wayfield, aquando do lançamento. O naming, packaging e comunicação são da responsabilidade da BAR.
Manteigas tradicionais
A Tété decidiu inspirar-se na tradição saloia de produção de lacticínios, lançando no ano passado uma linha de manteigas tradicionais nas variedades vaca, cabra e ovelha. O pack de três variedades de 20 gramas ronda os 2,50 euros. A empresa de produtos lácteos (queijo fresco, queijo curado, requeijão e manteigas tradicionais), no mercado desde 1960, está agora a apostar na exportação (Espanha e Polónia) e no lançamento de novos produtos que ajudem a atingir esse objectivo. As manteigas Tété, que tiveram imagem do packaging a cargo da ABSA, podem ser encontradas no comércio tradicional, em supermercados e na hotelaria.
Os chocolates da Casa Grande
“Somos uma empresa com produção própria e muito vocacionados para o artesanal. Desenvolvemos todos os produtos internamente, desde a receita do chocolate até ao packaging”, conta ao M&P Luciano Barroso, CEO da Casa Grande, marca que nasceu em 2009 em Ribeirão, em pleno Vale do Ave. Os directores, Fernanda Pereira e Luciano Barroso, venderam a participação que tinham numa empresa têxtil para entrar no negócio dos chocolates artesanais. A Casa Grande, que comercializa caixas de bombons, de trufas e tabletes de chocolate, snacks e até fondues, está a alargar a rede de lojas através de parcerias em sistema de franchising. Pode já encontrar espaços próprios em Barcelos, Braga, Lisboa, Matosinhos, Porto e Famalicão. Uma novidade: a Casa Grande lançou há pouco uma gama de tabletes alusivas a temas portugueses (calçada portuguesa, azulejos, guitarras, barcos rabelo, galo de Barcelos, andorinhas e eléctricos).
Antiga Barbearia de Bairro
Aqui encontra sabão para a barba, pincel de barba, água de colónia e loção e sabonetes. A marca Antiga Barbearia de Bairro, criada pela 100 ml, tem um propósito simples: fazer renascer o ritual do barbear e colocar em destaque o tradicional pincel. “Esta tendência vintage do barbear clássico está a ocorrer em todo o mundo. Por isso, não nos dirigimos apenas a turistas mas também a muitos portugueses que seguem o ritual clássico de fazer a barba”, descreve ao M&P Luís Pereira, fundador do projecto. A marca está presente em 50 lojas em Portugal. A nível internacional pode ser encontrada em países como Reino Unido, Itália, França e Suécia. Este ano entrou pela primeira vez na Austrália e nos Estados Unidos. Toda a imagem é desenvolvida internamente.
Boa Boca para o mundo
A história da Boa Boca, que nasceu em Évora em 2004, já foi retratada na Wallpaper, Le Figaro e Monocle. A engenheira agrária Inês Varejão e o designer António João Policarpo decidiram criar uma linha de produtos tradicionais de qualidade em que o design tivesse o papel de diferenciador. O resultado deste conceito Food+Design traduziu-se em prémios nos Red Dot Design Awards, no One Show e no Prémio Sena da Silva, atribuído pelo extinto Centro Português de Design. Como conta ao M&P Inês Varejão, as latas de biscoitos, chocolates e licores estão entre os produtos mais vendidos. Mas a recente aposta na gama mini, que pode ser encontrada em mini-bares de hotéis, “está a revelar-se um sucesso”. Além da loja própria em Évora, encontra os produtos no corner Boa Boca na Embaixada (Príncipe Real, Lisboa), no El Corte Inglés, no Pão de Açúcar Gourmet e em lojas gourmet. Os produtos Boa Boca estão também à venda em geografias tão diferentes como Angola, Alemanha, Bélgica ou França.
As Bolas da Praia
O projecto de criar uma marca que ocupasse o território das bolas de Berlim nasceu em 2012, estando agora presente no Porto e em Lisboa. “O balanço é muito positivo. A Bolas da Praia recorre ao imaginário dos portugueses e todos se identificam bastante com a marca. Temos tido um aumento de vendas crescente desde o arranque do negócio, o que nos deixa bastante satisfeitas”, conta ao M&P Graça Maia. A responsável pela Bolas da Praia em Lisboa acrescenta que não é um negócio sazonal, “pelo contrário, o Inverno é até bastante concorrido. No entanto, 2014 será um ano de grande aposta no Verão, através de parcerias, presença em festivais e eventos de relevo”, acrescenta. A imagem das Bolas da Praia foi criada pela designer Susana Vasconcellos. O negócio assenta na venda online e na presença em eventos. Nas entregas diárias ou mensais, os consumidores são principalmente mulheres entre os 25-45 anos. Já nos eventos, é “uma compra mais de impulso, sendo o target principal famílias com crianças”, aponta a mesma responsável.
Frutas desidratadas
A marca FrutaFormas foi apresentada a 13 de Outubro do ano passado. “A FrutaFormas surge a partir do saber presente na tradição regional em desidratar frutas (de avós aos pais e destes aos filhos) e da percepção do problema crescente de obesidade infantil e do baixo consumo de fruta por parte das crianças. A ideia de base foi ‘dar uma nova forma à fruta’ em que, pela desidratação, conseguiríamos obter novas texturas e diferentes formas, tornando a opção de comer fruta, divertida, saborosa e saudável”, relata Anabela Sá, responsável pela comunicação da FrutaFormas e pela Nsprojects, agência que assina o packaging e comunicação da marca. A marca pode ser encontrada, por exemplo, na versão Croca Maçã (produzida através de fatias de maçãs do Oeste), Frutinhas (tentativa de substituir as gomas por ursinhos, bonecos ou corações de fruta 100 por cento naturais) e os Lingotes de Pêra Rocha (barras de fruta com pedaços de pera rocha desidratada, envolvidos em papel dourado). Apesar de o foco não ser, para já, a exportação, os produtos FrutaFormas podem ser já encontrados em Londres e Bruxelas.
A marca do José
Maison Coté Sud, Wallpaper e Monocle são algumas das revistas que já escreveram sobre a José Gourmet. No país dos Josés – e de José Saramago e de José Mourinho – a marca começou a comercializar produtos como azeites, vinagres, compota de medronho, aguardente da Lourinhã e conservas de peixe. Trata-se de produtos a pensar em turistas, embrulhados num cuidado e humorado design da autoria de Luís Mendonça. As ilustrações são de diferentes criadores. A José Gourmet pode ser encontrada em geografias tão distantes como Uruguai ou Suíça, para além de lojas gourmet em Portugal.
Meia-Dúzia em bisnaga
A marca Meia-Dúzia, que comercializa compotas em bisnaga, abriu em Outubro a sua primeira loja própria no Mar Shopping (Matosinhos). Em menos de um ano de existência, a Meia-Dúzia já assegura presença em cerca de 50 pontos de venda em Portugal e nas cidades de Bruxelas, Berlim e Viena. Os seus promotores, os irmãos Jorge e Andreia Ferreira da Silva, garantem que o conceito que nasceu em Famalicão é único no mundo. O conceito e identidade foi concebido pelos mentores do projecto, com a colaboração inicial da designer Mariana Leal Rato. Neste momento a comunicação e desenvolvimento de novos produtos/packaging está nas mãos de João Trigo da agência criativa Inspirina. Entretanto, a marca lançou uma nova gama: Chocolate S. Tomé com Frutas e não pára de apresentar novos sabores. O Doce Extra de Maracujá com Gengibre é o mais recente.
Um licor chamado Pinguça
Dois arquitectos, Pedro Noronha Dias e Filipa Casaca, são os responsáveis pelos licores Pinguça. O casal decidiu reinterpretar receitas de licores da avó de Filipa, juntando um design claro e minimalista da garrafa, ao mesmo tempo que pretendem ajudar a agricultura local de duas aldeias do concelho de Arouca, Alvarenga e Bouceguedim, de onde provêm os ingredientes. O projecto começou em Dezembro de 2012, numa feira de Natal do concelho, onde venderam 250 garrafas produzidas de forma artesanal e com recurso a investimento próprio. “No ano passado vendemos 1500 e este ano esperamos chegar às quatro mil”, disse ao M&P Pedro Noronha Dias. Entretanto, os licores Pinguça ganharam o Prémio Rural Criativa 2013, promovido pelas industrias Culturais e Criativas em Espaços Rurais. Os produtos podem ser encontrados em várias lojas gourmet, restaurantes e em mais de uma dezena de locais em Arouca. Apesar de contar com uma loja online, o objectivo é reforçar a presença no retalho: “É um produto com uma história para contar e que funciona muito bem nas lojas”, reforça Pedro Noronha Dias. O projecto gráfico é da responsabilidade do casal, que possui ainda o atelier Dark Studio, que opera nas áreas de design e arquitectura.
O iogurte honesto
Captou 100 mil euros de investimento, inaugurou no final de 2013 um quiosque em frente ao Atrium Saldanha (Lisboa), espera abrir mais quatro espaços este ano, entrar no canal horeca e em 2015 avançar para a internacionalização, com o Brasil, Reino Unido, Espanha e Angola como mercados prioritários. Filipe Botto e Francisco Vilhena são os fundadores da marca Yonest True Yogurt, que se apresenta como o verdadeiro iogurte grego, com uma receita caseira e 100 por cento natural. O design é da responsabilidade da agência Worldspoon.
Meios&Publicidade, 29 de Janeiro de 2014 às 19:11:25, por RUI OLIVEIRA MARQUES