17 de Novembro de 2014 às 16:47:12, por MEIOS & PUBLICIDADE
Ainda imbuído do tema da 43ª edição da ModaLisboa, Legacy, queria partilhar as recentes actualizações do nosso legado no campo da moda. Temos uma narrativa e uma história na producção e design de materiais que ultimamente se têm tornado em design de moda. Conseguimos passar de uma lógica de confecção e produção para uma construção de marcas de moda: qual a diferença? Uma lógica de design de moda portuguesa é algo que engloba a confecção mas a ultrapassa e projecta um plano, uma imagem e desenvolve brand awareness. Construindo assim marcas portuguesas e lançando a marca Portugal como marca de moda e não somente mão-de-obra.
Passamos a nomear 10 marcas emergentes que merecem ser seguidas com atenção (pode ser que muitas mais existirão, mas ficamos pelas 10 que fui descobrindo no trabalho de pesquisa para o meu site):
1. D’Ornellas Boots. Desenvolveu uma gama de botas para homem e para senhora, produzidas em Portugal pela mão de artesãos altamente especializados, garantindo assim padrões elevados de qualidade e a singularidade de cada peça. A marca nasceu da vontade de Gonçalo D’Ornellas e Vasconcelos, ganadeiro em Salvaterra de Magos, que procurou o melhor e mais confortável par de botas para si. Descobriu e começou a comercializar via net e Facebook em 2012.
2. Nelson Oliveira. É um jovem designer português que foi considerado Hot New Talent 2013 pela APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos) e pela Academia de Design de Calçado CFPIC, participando com o seu trabalho numa exposição fotográfica no Portugal Fashion. Recentemente, com a sua última colecção Primavera Verão 2015, o designer recebeu em Düsseldorf o prémio GAPI Jovem Talento. A marca diferencia-se pela versatilidade e criatividade corajosa, apostando na afirmação de um estilo urbano e alternativo.
3. OceanStitch. Com o objectivo de “romper” com o que tradicionalmente se comercializa no vestuário masculino, surge a OceanStitch – Small Details From Oporto, concebendo peças orientadas (pólos, t-shirts etc) para homens urbanos, modernos, cosmopolitas, com bom gosto e que dão relevância aos pormenores. As peças reflectem um homem arrojado, divertido, trendy e atento ao que o rodeia. Foca-se no pormenor, fitting e qualidade das matérias-primas (proudly made em Portugal) – sendo este um dos pilares da marca. Esta marca nasceu em 2012 e é comercializada via internet.
4. Saccus. De desenho em desenho, protótipo em protótipo, as ideias iam nascendo e o plano de acção e posicionamento ganhava forma, até… que a Saccus nasceu. É uma marca criada em 2013 pelo designer Paulo Silveira Pereira, baseada numa ideia criativa de design contemporâneo, funcional, com peças exclusivas. A marca vai buscar a designação à palavra em latim para mala, “saccus”. Apresenta como lema “ingenium liberat animum” (a imaginação liberta o espírito), que sustenta a sua atitude jovem, livre e evolutiva. Apresenta uma colecção de malas, cintos, sapatos e algumas peças de vestuário.
5. Luís Carvalho. É um jovem designer. Participou em inúmeros concursos, em Portugal e no estrangeiro, e venceu o prémio para melhor coordenado masculino, no Acrobactic 2011. Foi voluntário na ModaLisboa, trabalhou nos ateliês de Filipe Faísca e Ricardo Preto como assistente, e geriu a loja de Lisboa de Miguel Vieira. Foi designer de moda na empresa Salsa Jeans, até decidir aventurar-se em nome próprio.
6. Najha. Foi criada por Daniela Sá em 2006, mas só em 2010 decidiu dar vida a este projecto. Inicialmente dedicou-se apenas à criação de bolsas. Mais tarde, diversificou o leque, passando a incluir calçado, cintos e chapéus. A Najha surgiu da junção de dois conceitos: moda e cortiça, conferindo uma filosofia eco-frendly. O projecto foi reconhecido pela revista de moda inglesa Drapers, em 2012, quando Daniela Sá foi nomeada para a categoria de Best Designer of the Year – Accessorie, tendo apresentado a marca e o conceito numa colecção destinada à própria revista, intitulada The Devil Wears Najha.
7. Bernardo M42. Chegou ao mercado em 2011 pela mão da fundadora e directora criativa Maria Lemos. A marca procura representar a tradição do trabalho artesão genuíno pelo seu reconhecimento a nível mundial e pela qualidade certificada de ser elaborada na região do Porto. A Always Shoes S.A. é a empresa-mãe por detrás da Bernardo M42. A Always Shoes nasceu em 1993, detendo ainda as marcas Catarina Martins e Rokin. Podemos encontrar na loja Linkstore (Embaixada no Príncipe Real).
8. Relyquia. Deseja afirmar-se como a nova marca de calçado de luxo, 100 por cento portuguesa. O legado de tradição e a mais alta manufactura artesanal, combinados com o design exclusivo e contemporâneo, permitem obter silhuetas com forte personalidade e intemporais. Todos os produtos da Relyquia são produzidos em Portugal e podem ser adquiridos via internet.
9. Retro P. É uma marca portuguesa, cheia de garra e que promete revolucionar o segmento dos óculos em Portugal. Chama-se Retro P e foi lançada pelas Ópticas do Conde Redondo, que possuem quatro lojas em Lisboa. Sete modelos de homem e de mulher já se encontram à venda. “Queremos produzir em Portugal e vender produtos portugueses. Pretendemos dar ânimo à economia nacional e provar que o que se faz cá é tão bom ou melhor do que o que se faz lá fora.” Foi com este espírito que as Ópticas do Conde Redondo resolveram abraçar o desafio, explica Hugo Frederique, porta-voz do grupo. Para a colecção, a marca inspirou-se nas linhas retro, seguindo as tendências dos designers internacionais. Foram criadas 18 armações, algumas “oversized” e com linhas marcantes. O preto e o castanho “animal print” são os tons dominantes.
10. Common Cut. O interesse demonstrado por dois amigos (Fernando Figueiredo e Frederico Rodrigues) pela moda levou-os a ter, desde cedo, o desejo de criarem uma marca própria de calçado. Os primeiros passos foram dados em Março de 2012 ao desenvolverem as primeiras peças personalizadas. Surgia assim a Common Cut, resultado de uma grande paixão pela moda e uma devoção à cultura da diferença. Reuniram ideias, conjugaram-nas e como resultado surgiu a colecção Primavera/Verão 2013, apostando também em parceiros/fornecedores nacionais, com capacidade para mil pares/dia. Também podem ser encontrados no site da marca.
Estas marcas falam da nossa capacidade e skills num mundo que aparentemente sempre relacionado com outros países como Itália ou França. A nossa imagem exterior tem de se afirmar como Portugal como um país elegante, produtor e designer da elegância explorando o nosso know-how. A estratégia passa por perder medo e um certo “reducionismo” de pensamento. Devemos pensar global e abrirmo-nos ao mercado exterior. E como fazê-lo? Reunir sinergias e perder as divisões que existem neste pequeno grande país.
Artigo de João Jacinto Freitas, director do site Gentleman’s Journal