Um consumidor que prefere ficar em casa, obter formas de lazer gratuitas, economicamente mais atento, que vai atrás de formas de compra inteligentes, que recicla produtos. O retrato do actual consumidor foi feito por Nikki Mendonça, presidente da OMD EMEA, durante o Cannes Lion Review, a decorrer desde ontem no Museu da Carris, em Lisboa. A responsável da OMD também falou de um consumidor, a reflectir os tempos recessivos que correm, mais ansioso e mais céptico face às instituições, mas ao mesmo tempo a sentir-se mais ‘empowered’ pelas possibilidades trazidas pelas novas tecnologias. Foi, de resto, o desafio trazido pelo digital à própria indústria de meios que a responsável procurou reflectir. Afinal, um ambiente comunicacional onde se antecipa que até 2013 atinja a barreira dos mil milhões de utilizadores de internet mobile, em que os telemóveis irão substituir o PC como terminal de acesso à internet, em que 88 mil milhões de dólares serão gastos em e.mobile commerce ou em que 43% das pessoas aceder ão às redes sociais por terminais móveis coloca novos desafios às agências de meios. Um universo crescentemente ligado pelas tecnologias, cada vez mais mobile e wireless, marcado pela explosão das redes sociais, onde “as recomendações dos utilizadores é a nova publicidade” e a targetização já pode levar em conta a própria localização física dos consumidores coloca desafios bem distintos dos gerados pela clássica venda de espaço. Possíveis consequências de toda esta revolução digital? As agências de meios, acredita, irão “movimentar-se para os serviços de marketing”, com o e-PR e o e-CRM a fazer parte dos serviços, bem como uma “maior diluição das agências de media e da criatividade”. E não esquecer o que Nikki Mendonça apelidou de “o elefante na sala”: “Os clientes estão a dirigir-se directamente aos media”, cortando a intermediação das agências de meios e de criatividade.