O Turismo, o Ambiente, as Cidades, os serviços de valor acrescentado e a economia do mar são os cinco domínios estratégicos em que Portugal deve apostar para sair da crise e garantir o desenvolvimento económico, diz o relatório da Saer – Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco.
Cada uma destas áreas, explica o relatório apresentado hoje ao final da manhã, “representa em si uma constelação, um cluster ou mesmo um cluster de clusters (Hypercluster) de actividades económicas com um potencial de desenvolvimento que é exponencial quando articulado em modelos integrados de cooperação e interpenetração de componentes, permitindo aproveitar o máximo de capacidades e potencialidades que encerram”.
Por outro lado, o relatório assinado por Ernêni Lopes e José Poças Esteves aponta ainda sete áreas prioritárias de intervenção para ajudar Portugal a sair da crise e a aproveitar a retoma económica, quando ela surgir: “redução do endividamento, aumento da produtividade, uma política económica estrutural assente nos domínios dotados de potencial estratégico (adiante enunciados); o incremento das exportações e inserção da economia portuguesa (empresas e produtos) nos circuitos económicos e financeiros globais; o investimento público selectivo; o investimento maciço em educação, formação e promoção da excelência científica e tecnológica; e a concretização operacional, no terreno, da matriz estratégica de Portugal – construindo polígonos com potencial de desenvolvimento a partir da articulação dos mercados português, europeu, africano e brasileiro.”
Ernâni Lopes e Poças Esteves consideram que “não é de afastar a hipótese de que, em geral, as medidas de estímulo às economias prossigam por mais tempo do que era esperado quando foram desencadeados” e antevêem que “a economia portuguesa não deverá destoar muito do padrão de comportamento internacional, em particular, do da zona euro”, regressando à consolidação orçamental “mal receba ou percepcione sinais nesse sentido de Bruxelas ou de Berlim”.
O Relatório trimestral referente a Setembro de 2009 traça um quadro negro da evolução da economia nacional: Portugal tem um “sistema económico sem vitalidade, com um peso crescente do Estado na economia e na sociedade, e com uma dependência crescente da sociedade em relação ao poder do Estado”, avaliam os autores, que se mostram muito críticos relativamente à capacidade de Portugal dar o melhor uso aos fundos comunitários.
“Apesar da melhoria do nível de vida da população, a utilização dos fundos externos não foi geradora de capacidade produtiva a prazo, determinante para o potencial da economia nacional fazer face ao serviço da dívida contraída. Portugal é o único que, no período de 1995 a 2007, regista variação negativa do investimento (excluindo construção) em percentagem do PIB”, sublinham os economistas.
A resposta, dizem, virá da atenção que se prestar “a três aspectos essenciais”, que passam pela “transformação e alteração cultural de conjunto que se verifica nas sociedades europeias; a valoração social dos empreendedores e empresários; e o estabelecimento de uma consciência de classe e de responsabilidade por parte dos empresários instalados”.n
Lusa
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