Está a desenvolver uma startup e precisa de dinheiro? A Ronda de Investimento pode ser a solução!
O que é uma Ronda de Investimento?
O objectivo de uma Ronda de Investimento é encontrar o investidor que melhor se adequa a si e ao seu projecto.
Enquanto empreendedores, é normal que surjam algumas dúvidas e que não saibamos com quais investidores estabelecer contacto, de que forma, em que momento e por onde começar.
A manager da equipa de Portfolio Development da Portugal Ventures, Orsolva Szlovenszly e a CEO da Tonic App, Daniela Seixas, partilharam algumas dicas para levantar uma Ronda de Investimento, que lhe apresentamos neste artigo:
- Deve ter consciência de que é um processo complexo, mas não deve desistir. É normal obter vários “não” antes de conseguir um “sim” e deve manter-se optimista e confiante;
- É essencial que o investidor acredite no sucesso da sua ideia. Deve demonstrar o seu valor de venda e prová-lo sempre que possível;
- Se está a começar num mercado pequeno, precisa de fazer um esforço maior para mostrar que pode vender;
- Se pensa em internacionalizar o seu negócio, deve colocar esta questão logo “em cima da mesa” e não deixar para segundo plano.
Como encontrar o investidor certo?
Pode começar pelo mapeamento simples do mercado, descobrindo em que fases o investidor investe, as suas preferências geográficas, as suas áreas de interesse e sectores, a sua lista de co-investidores, o seu valor médio de investimento, se é um investidor-líder nas Rondas de Investimento e outras informações sobre os fundos que gere.
4 passos para o mapeamento do mercado:
- Definição de uma lista de targets. Defina uma lista A e B de investidores, com um perfil e racional de investimento (incluir, se possível, um conjunto de investidores em que possa sindicar o investimento). Após definir cada lista, desenhe um plano para a abordagem aos investidores-chave da lista A e outro para “abordagem genérica” aos investidores da lista B;
- Categorização de investidores da lista A. Selecione da lista os “friendly-investors” para dar início aos contactos;
- Marcação das primeiras reuniões e follow-ups;
- Fechar a Letter of Intent (Carta de Intenções). Lançada a oferta indicativa e início de processo de negociações.
Cumpridos estes passos, é o momento ideal para iniciar o processo de levantamento de uma ronda de capital, idealmente entre 6 a 9 meses antes do fim do runway da empresa, ou seja, antes da sua empresa ficar sem “fôlego” financeiro.
Como construir o meu Pitch Deck?
Um Pitch Deck é uma breve apresentação que mostra aos investidores uma visão geral do seu negócio. É fundamental ter um Pitch Deck sólido para iniciar contactos e interacções com os investidores, que se possam desenvolver ao longo do processo.
O Pitch Deck deve abordar, em menos de 15 slides, os seguintes tópicos:
– Problema ou processo actual que o produto/serviço procura resolver ou melhorar;
– Tamanho do mercado (indicar números);
– Funcionamento do produto/serviço e de que forma o produto/serviço resolverá o problema;
– Concorrentes e factores de diferenciação;
– Como é que a startup ganha dinheiro ou planeia fazê-lo;
– Estágio actual e expectativas de crescimento;
– Plano de levantamento de futuras rondas de investimento, incluindo valor e aplicação dos recursos angariados.
Agora que já sabe qual o seu target, está em condições de iniciar.
Orsolva Szlovenszly apresenta 15 recomendações, dicas e truques que todos os empreendedores devem conhecer:
- 1. Planeie contactar muitos investidores – quanto maior for o grupo de contactos, maiores serão as suas oportunidades.
- 2. Networking, networking, networking. Deve criar desde logo uma relação com os investidores e corporates.
- 3. Don’t burn bridges. A comunidade de players que atuam em capital de risco é pequena e tudo o que diga ou faça poderá ser usado contra si e qualificar a sua abordagem nos negócios.
- 4. Apresente com paixão o seu Pitch. Não há ninguém melhor do que nós para falar sobre a essência do nosso projecto!
- 5. Faça follow-up’s aos contactos 3 vezes. Rápido e consistente – de preferência, de duas em duas ou de três em três semanas, para manter o ritmo.
- 6. No Pitch, escolha entre apresentar métricas específicas ou uma visão mais geral do negócio.
- 7. Volte a visitar as listas A/B de investidores e as suas características para preparar a abordagem através de e-mails e reuniões.
- 8. Não perca o foco no negócio. Levantar uma Ronda de Investimento não é seu objectivo principal.
- 9. Pratique o seu Pitch com os “friendly investors”.
- 10. Levantar rondas de investimento é uma batalha contínua. Prepare o Pitch Deck para a próxima ronda de investimento, logo após fechar a ronda actual.
- 11. Estes são os principais indicadores de desempenho (quando disponíveis) geralmente apresentados: evolução das receitas, avanço tecnológico, pipeline de receitas (contratos assinados e em vigência), referências da equipa em termos de especialização e runway para o período da ronda de investimento. Em alternativa, demonstre qual o seu plano e como o pretende executar para provar que as métricas que definiu foram alcançadas.
- 12. Estes são os suportes-chave que devem estar sempre actualizados: Pitch Deck, one-pager (cartão de visita da sua empresa), elementos financeiros e informações relevantes sobre a empresa – tudo compilado numa plataforma digital. Se tiver estes elementos preparados logo no início do processo, não ficará sobrecarregado quando vários investidores solicitarem os dados para análise e tiver que responder rapidamente (e como todos sabemos, os investidores não gostam de ficar à espera).
- 13. Avaliação da empresa – As avaliações da startup feitas antes de receber apoio financeiro e depois de receber apoio financeiro são obrigatórias para quem esteja a levantar uma Ronda de Investimento, pois irão determinar a estrutura accionista da empresa e a sua participação.
- 14. Angariação de fundos e Plano de Propriedade de Acções do Funcionário – dois dos pontos mais importantes do negócio a nível financeiro.
- 15. Last but not the least – a personalidade de cada empreendedor. Listamos algumas das características que deve trabalhar para criar um relacionamento estável e frutuoso com os investidores desde a primeira interacção. Os chamados DONT’s:
Não deve:
– Ser desonesto em nenhuma circunstância;
– Demonstrar indecisão, embora seja normal dizer que ainda não sabe;
– Ser arrogante ou hostil;
– Falar demasiado e impedir que os outros tenham a palavra;
– Ser excessivamente agressivo;
– Ser moroso no follow-up ou a fechar o negócio;
– Quebrar um acordo, verbal ou escrito;
– Dar elementos financeiros na primeira apresentação;
– Apresentar números desfasados do mercado sem uma justificação clara;
– Dizer que sabe algo que não sabe ou ter medo de dizer que não sabe;
– Perder tempo com o óbvio;
– Prender-se com detalhes sem importância – não deixe a reunião fugir do seu controlo;
– Pedir um NDA, a menos que tenha informação sobre Proteção Intelectual;
– Tentar “driblar” investidores quando não é perito em levantar de rondas de investimento;
– Avaliar excessivamente a sua empresa nem preocupar-se extraordinariamente com a sua diluição.
Para aceder a informações mais detalhadas pode ver o vídeo e a lista de dicas partilhadas pela Portugal Ventures.
Fonte: Newsletter do mês de fevereiro da Portugal Ventures.
Imagem: Karolina Grabowska em Pexels