Relativamente ao ano passado, e numa análise global, Portugal desceu duas posições, encontrando-se atrás de países como Moçambique (18.º) e a Namíbia (30.º) Numa análise mais detalhada, percebe-se que o 39.º lugar português assenta em boa parte na participação maciça das mulheres no mercado de trabalho.
O problema, na óptica de Odete Filipe, do departamento para a igualdade entre mulheres e homens da CGTP, é que a elevada taxa de trabalho feminino não pode ser lida como sinónimo de paridade. “É verdade que somos dos países com mais mulheres a trabalhar, mas isso decorre, sobretudo, da insuficiência económica das famílias. Mesmo quando são mães, as mulheres em Portugal não podem, como noutros países europeus, ‘dar-se ao luxo’ de recorrer ao trabalho parcial, porque elas sabem que o salário também será parcial”, nota.
Para a representante da CGTP, a participação maciça das mulheres no mercado de trabalho, longe de constituir indicador de paridade, é, pelo contrário, factor de penalização. “Isso sai-lhes do corpo, porque, somado o trabalho doméstico, as mulheres trabalham em média mais duas horas por dia do que os homens.”
Segundo os dados do FEM, há 86 mulheres a trabalhar fora de casa por cada 100 homens. Mas, no tocante à igualdade salarial, a proporção baixa de 65 para 100. “Há mais mulheres a trabalhar em Portugal, mas está longe de haver igualdade ou paridade nos salários ou no acesso a cargos de chefia.”
No tocante à participação política, Portugal surge qualificado em 45.º lugar. As contas do FEM mostram que há apenas 39 deputadas por cada 100 deputados no Parlamento português. E, nos cargos ministeriais, a proporção é de 14 mulheres por cada 100 homens.
“Na política como nos sindicatos, não há paridade, porque, além de trabalhadoras, as mulheres são uma espécie de assistentes sociais que ainda têm de cuidar dos filhos e dos pais”, interpreta Odete Filipe, para quem o cenário seria bem melhor, se a Lei da Paridade estivesse a ser aplicada.
Entre os países geograficamente mais próximos de Portugal, a França e a Espanha surgem entre os 20 primeiros: 15.º e 17.º lugar, respectivamente. A Grécia aparece num longínquo 75.º lugar, numa lista cujo último colocado é o Iémen.
Os Estados Unidos, por seu turno, subiram de 31.º para 27.º lugar, essencialmente graças à igualdade de oportunidades no acesso ao trabalho e à crescente participação política das mulheres. Por sua vez, a Suíça subiu para 14.º lugar por via do aumento da participação política das mulheres.
Desde 2006 que o FEM adoptou uma metodologia “inovadora” para a elaboração deste ranking, baseado em critérios como a participação económica, o acesso ao mercado de trabalho, à educação e à saúde e a representação das mulheres nos órgãos decisórios.